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Fim do DPVAT: Câmara revoga seguro obrigatório e redefine bloqueio de emendas – avanço ou retrocesso?

  • Foto do escritor: DispCritic
    DispCritic
  • 19 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura



Foto: Shutterstock
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Fim do DPVAT: Uma Reviravolta no Seguro Obrigatório

A Câmara dos Deputados aprovou a revogação do Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidente de Trânsito (SPVAT), anteriormente conhecido como DPVAT. Essa decisão, parte do projeto de lei complementar para contenção de gastos apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anula a lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recriava o seguro.

O DPVAT foi extinto em 2020 durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro e recriado em 2024 como SPVAT. No entanto, com a nova decisão da Câmara, o seguro não será mais cobrado, revertendo a previsão de retorno em janeiro de 2025. A medida ainda precisa ser analisada pelo Senado.


Acordos e Controvérsias no Congresso

A inclusão do fim do DPVAT foi tema de intensos debates no Congresso. Inicialmente retirada do projeto pelo relator Átila Lira, a proposta foi reinserida após negociações entre o governo e lideranças da Câmara, sendo aprovada por ampla maioria (444 votos a favor e 16 contra). O recuo enfrentou críticas da oposição, que apontou resistência da sociedade civil em relação à medida.


Mudanças nas Emendas Parlamentares e Gestão Fiscal

Além da revogação do DPVAT, o texto aprovado limita o bloqueio de emendas parlamentares, restringindo-o a apenas 15% das emendas de comissão. Emendas individuais e de bancada estadual só poderão ser contingenciadas em situações específicas.

O projeto também estabelece medidas de contenção fiscal, como a proibição de novos incentivos tributários e um teto de 0,6% para o crescimento das despesas com pessoal em casos de déficit primário. Outra proposta relevante é a autorização para usar recursos de fundos parados para reduzir a dívida pública.


Contexto Histórico e Impactos

O DPVAT, criado em 1974, foi descontinuado em 2020 sob alegações de fraudes e baixa eficiência. Quando recriado, previa-se um custo anual entre R$ 50 e R$ 60 para os contribuintes, mas seu valor nunca foi formalmente definido. Agora, com a nova revogação, há incertezas sobre o impacto na indenização de vítimas de acidentes de trânsito e o destino dos recursos originalmente alocados para o seguro.


Próximos Passos

Com a aprovação na Câmara, a proposta segue para o Senado. Caso confirmada, marcará mais uma mudança significativa na gestão orçamentária e na proteção às vítimas de trânsito no Brasil.


Uma Decisão que Redefine Prioridades?

A revogação do DPVAT, somada às mudanças na gestão orçamentária, traz à tona questões cruciais sobre a alocação de recursos e as prioridades no cenário político e social brasileiro. Embora a justificativa para extinguir o seguro aponte para fraudes e baixa arrecadação, há um impacto direto sobre vítimas de acidentes de trânsito, especialmente as mais vulneráveis, que dependiam do DPVAT para despesas médicas e reabilitação.

A decisão também levanta debates sobre o papel do Estado na proteção social e na gestão de recursos públicos. Ao mesmo tempo em que limita o bloqueio de emendas parlamentares e busca maior eficiência orçamentária, o projeto não deixa claro como pretende compensar a ausência de um seguro obrigatório em um país com altos índices de acidentes de trânsito.

A quem essa mudança realmente beneficia? Será que as medidas apresentadas, incluindo a possibilidade de usar fundos parados para reduzir a dívida pública, refletem uma preocupação genuína com o bem-estar coletivo ou priorizam ajustes fiscais às custas de políticas de proteção social?

Outra questão pertinente é o impacto político da decisão. Ao reverter a recriação do DPVAT, o governo arrisca desagradar setores da sociedade que viam o seguro como uma forma de segurança básica. Além disso, ao limitar o bloqueio de emendas, pode-se abrir margem para discussões sobre o papel do Legislativo na destinação de recursos públicos.

O debate não é apenas técnico; ele envolve prioridades e valores. Em um país marcado por desigualdades, a revogação do DPVAT e as mudanças fiscais sinalizam um movimento para redefinir o papel do Estado em áreas críticas. Será que essas medidas apontam para um avanço na eficiência ou para um retrocesso na proteção social? Fica a provocação para uma reflexão mais profunda.

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